Tempo das Vésperas
Serei feliz no tempo das vésperas.
Não dependerei do momento esperado.
Se fui feliz, da calmaria, fiz festas.
E, nas festas, fiz-me quietude e cansaço.
Do ruído do mundo, eu estou de resguardo.
Em nada interessa-me o burburinho das ruas.
Em tantos silêncios, estive lânguida e nua,
quantos foram os pensamentos de torpor e orvalho.
Sou estafa, quando muitos celebram a vida;
e celebração, quando todos emudecem.
Os cheiros do mundo me invadem, tão brevemente,
quanto eu me evado do mundo e dos silfos.
Já fui pessoa de cismas; hoje sou de filtros.
Cansa-me ver tudo misturado: joio ao trigo.
Apraz-me ver tudo unido e, então, eu separo.
Não vejo mais amor no poeta do que no soldado:
o primeiro, se bem escreve, é profeta;
o segundo, se bem protege, é amado.
A eles, eu brindo à luta das tintas e das armas!
Serei feliz no tempo das vésperas;
e livre de mim, no dos enfados,
porque se no presente das festas, eu sou cansaço,
quando todos estiverem exaustos, eu serei festa!
Deise Zandoná Flores
28-12-2020
Feliz Ano Novo! Eu vos desejo um ano de muita saúde, amor, paz e prosperidade.
Saudações poéticas!