A BANCARROTA DA RIMA

Do livro ATENA
A BANCARROTA DA RIMA
Nada rima com nada.
Eu arremedo flores na próxima parada.
Eu arremesso dias durante a madrugada.
De pés descalços, na beira da estrada,
símbolos abandonados em cima da calçada...
Nada rima com nada.
Do tecido de linho, sou remendo.
Da coroa de espinhos, sou o coágulo
do sangue não jorrado, que já cicatriza.
Das preces vazias, resta só o teatro.
Do sangue que não correu,
o vinho não foi consagrado.
Sem vício, não há virtude.
Sem salvação, não há pecado:
só uma corda bamba,
em que tremem os adultos
e brincam as crianças...
... por serem boas, livres de maldade?
Por serem verdades, filhas da pureza.
E o que é a verdade senão a beleza?
É o ardil, talvez a destreza
de ser retrato da sua condição,
e andar rente à natureza.
Boa ou má? Apenas castiça.
Sem máscara ou persona,
sanguínea, límpida e translúcida,
oscilando carne e sangue, luz e sombra,
sem uma balança, somente o instinto.
E o instinto é impermisto?
É, por vezes, vício; por outras, virtude.
É, por vezes, morto; por outras, saúde.
É onde tremem os adultos e brincam as crianças.
É o ser em si mesmo: uma corda bamba.
Nada rima com nada.
Nada combina com nada.
Resta-me um ser perdido:
o sonho indistinto e nebuloso da temperança.
A bancarrota da rima...
As crianças disparam na névoa para desespero dos pais.
Estes temem a névoa, erram passos na grande dança
e dançam soltos nas grandes guerras.
Deise Zandoná Flores
Este poema integra o livro:
ATENA - A ÉGIDE, A LANÇA E A CORUJA
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