Vestida de Ar

Vestida de ar, varre a amplidão a poesia, da discrição à penumbra, à neblina, ao ocaso; escondida, astuta, nas entrelinhas, guardado o baú de caminhos e de embriões abortados. Vestidos de ar, amores abandonados, da lira de Apolo, pelo doce som, ungidos, guardados pela Memória no cômodo dos esquecidos; já atingiram qual coisa de etéreos e, em um tempo sem tempo, de sagrados. Vestidas de ar, a voz e a forma: qual coisa da poesia gosta; qual outra de mim discorda. É uma odisseia encrespada: da Fama, despida;
da Terra maldita, abrigada em choupana. No sítio da Metade, o seu todo é o equilíbrio entre o caminho iluminado e a vã esperança.
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