Crise Existencial e Religião
Uma crise existencial traz à tona questões atemporais na história do pensamento humano, questões sobre a realidade do mundo e a presença do homem no mundo: "até que ponto o mundo e a vida são reais ou apenas um sonho ou ilusão? Quem eu sou nesse mundo? Qual o sentido da vida e de tudo o que ela traz?", para citar alguns exemplos.
Se pensarmos nos primórdios da cultura, a realidade do mundo "confunde-se" com a realidade divina. O mundo é sagrado.Tudo o que existe é sagrado, pois é criação divina. O mundo nasceu sagrado e somente nos últimos três séculos começou a ser amplamente dessacralizado. E a psique humana?
Eliade nos diz:
"(...) na medida em que o inconsciente é o resultado de inúmeras experiências existenciais, ele se assemelha aos mais diversos universos religiosos."
A religião é a solução exemplar de toda a crise existencial, pois seus mitos trazem modelos exemplares que orientam e guiam a presença do homem no mundo. As situações apresentadas pela religião são exemplares, repetíveis e têm por característica fundamental constituírem uma verdade revelada de origem transcendental.
A solução religiosa resolve a crise existencial, porque tem o mérito de retirar o homem do fosso de situações efêmeras e particulares e situa-lo no Plano da Visão: a religião apresenta-lhe situações, modelos e soluções que já não são nem contingentes nem particulares, mas universais e atemporais. A solução religiosa permite ao homem ultrapassar suas situações pessoais para, ao final, alcançar o mundo do espírito.
Tendo em vista esta aura religiosa que envolve as estruturas do inconsciente psíquico (psique, em grego, e anima, em latim, significam literalmente "alma"), "mesmo o homem mais francamente não-religioso partilha ainda, no mais profundo do seu ser, de um comportamento religiosamente orientado."
Areia Nymphia Fonte: Mircea Eliade - O Sagrado e o Profano.
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