Ele Me Fez Mulher
A coisa mais corriqueira, a vala mais comum da mediocridade literária são contos pseudoeróticos de pseudoescritores de meia idade, que representam nada mais que as suas aspirações não realizadas: aquelas do 'bom velhinho' que queria pegar uma menininha e deixá-la revirando os olhinhos. (Assim mesmo: eu uso o recurso ao excesso de diminutivos para evidenciar a chatice da coisa...)
O núcleo é sempre o mesmo: a visão de um escritorzinho sobre um encontro tórrido entre uma adolescente virgem e um homem de meia idade.
Esse 'escritor' faz um conto, usando a voz de uma adolescente, de como ela adoraria uma foda com um homem mais velho... e seria ela, é claro, a dizer: "ele me fez mulher"!
Nada mais estapafúrdio do que ser esse o pensamento de uma jovem. Mais me parece uma fantasia erótica de um punheteiro, de como ele gostaria de deixar uma menininha maravilhada com sua performance sexual.
Como eu disse: esse tipo de conto é pseudoerótico. Para ser erótico precisaria ter um certo charme, sofisticação e a capacidade de atrair. Não os tem.
Pode, no máximo, ser classificado como conto pornográfico leve, vulgar, extremamente simplório e destituído de valor literário.
Não serve para o enobrecimento do espírito, para o contato com o belo da arte, para o despertar dos sentidos.... nem mesmo para uma atenção mais dedicada aos países baixos!
Esse tipo de conto oculta um homem vaidoso e narcisista, que não se vê merecedor de amor: essa coisa esquisita, que surge depois da cega paixonite. Traduz a alma pobre e frágil de um punheteiro de meia idade, que sonha em maravilhar alguma menininha, que precisa ser totalmente inexperiente, caso contrário, não o acharia lá essas coisas.
Aliás, penso que é algo ainda pior: uma isca! Ele está caçando: se não fodas, pelo menos aplausos de cabeças ocas e carentes...
E, como eu disse anteriormente, quando vejo uma mulher aplaudir um cocozinho desses, penso: "coitadinha, mas que carência... ... de coito!"
Quem é o autor desse conto? Ontem foi Fulano, hoje é Beltrano, amanhã quem sabe?
Existem milhões deles por aí...
Saudações literárias!