Enredos

Somos iguais em nossas diferenças!
Nossas crenças e descrenças assim desajustadas,
como flores de jasmim nascidas
em cemitérios de eletrônicos e outros metais...
Nossos preceitos éticos...
Nossos fados ambíguos...
Nossos comportamentos anacrônicos...
Nossos sentimentos contíguos...
Nossas filosofias transacadêmicas...
Nossos sentidos de tempo exíguos...
Nossas estradas assimétricas,
embora paralelas e espiraladas em alguns pontos
propiciando, aos pés,
passos de uma coreografia eclética na dança da vida,
não impediram - antes aproximaram-
nosso encontro alquímico!
Nosso desprezo pelo chorume
de decompostos e verborrágicos valores...
Antes o ódio que o medo!
E o desespero, pecado sem deus,
responsabilidade e remorso, os meus e os seus,
o peso inteiro do mundo sobre os ombros...
No outono de nós, o rochedo
inflamável corre ao desapego,
disposto bem ao centro do pátio,
para ser queimado em uma fogueira.
Damos vivas às centelhas!
Na mata fechada, a clareira...
Os testes abrem os acessos, as passagens nas pontes...
Os abismos, de que as respostas protegem...
Os mestres são catapultados para o vácuo de si mesmos!
Enredos...
O abrigo da espuma desvela
os corpos nus sob a chuva, entregues às brumas,
em ilhas de mornas brisas e suaves texturas.
À noite, dormem em compartilhada ostra,
feridos e ferimentos,
agentes das dores e seus pacientes,
animais fustigados e seus escudos: as pérolas!
Iguais... em seus mitos!
Distintos... em suas histórias!
Deise Zandoná Flores
Ilustração de Arilton Flores
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