Restaurante da Vida

No restaurante da vida, eu poderia experimentar todos os pratos e sabores, eu poderia aplacar todas as minhas dores com variados gostos, mas eu gosto de ser aquele cliente cujo garçom já decorou o prato preferido. É o meu senso de infinito: apreciar de mil jeitos os mesmos sabores. É o meu senso de infinito: desdobrar-me ao infinito para ser o prato preferido de um cliente cujo garçom já decorou o seu sempre-igual pedido. No restaurante da vida, eu quero ser o cliente, eu quero ser o garçom e o pedido. No restaurante da vida, eu sou o mesmo prato com novos temperos, eu sou o garçom que entrega ao cliente o seu preferido, e aprecia, de canto, a sua satisfação, e se alegra com o trabalho feito: sua própria satisfação, feitiço e encanto. No restaurante da vida, eu sou o cliente que sempre frequenta o mesmo restaurante, que encontrou o seu senso de infinito no mesmo pedido, que encontrou a sua paz no mesmo pedido, que saboreia todos os temperos e suas nuances, que olha, da janela, os tempos de angústias e medos famintos como mendigos. Eu sou o cliente que sempre quer mais da mesma paz, o seu senso de infinito no mesmo pedido, a sua beleza na beleza do mesmo prato servido diariamente: um lar para o coração, um spa para o descanso da mente, um lugar para a alma... ... projetar-se ao infinito, ... arriscar-se a tentar ... aprender a criar, em terreno fértil, a sua arte: o amor em toda a sua criatividade: as suas obras-primas com as mesmas matérias-primas. No restaurante da vida...
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